Teatro: Eu indico AFROME

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Por João Nunes, de Porto Alegre

Tendo como ponto de partida a viagem entre um Brasil-África a partir da musicalidade e de cenas interventivas ao meio do público, AFROME traz à tona assuntos ligados a contemporaneidade: imigração, a solitude do ser negro, a arte como discurso, a violência continua ao povo negro, os fluxos migratórios forçados na capital e no mundo. Ao longo de 90 minutos, uma profusão de imagens e cenas alusivas constroem a dramaturgia, que é amparada por um espaço real: o bar, local de comunicação e ampliação dos desejos. É possível consumir o cardápio do bar enquanto a obra acontece.

AfroMe- a atriz Kyky Rodrigues Fotos by André Olmos

AfroMe- a atriz Kyky Rodrigues
Fotos by André Olmos

Exu Bará abrindo caminhos

Os trabalhos iniciam-se ao saudar Exu Bará. A ele, o mensageiro, aquele que detém o poder de abrir e fechar os caminhos, é pedido licença. A partir disso é estabelecido o contato entre o humano e o onírico dos Orixás, energias presentes nos lugares onde se escolheu fecundar-habitar, que são invisíveis aos olhos, mas palpáveis aos sentidos. É ofertada a cachaça, elemento pertencente ao imaginário-real dos bares. Compartilham-se as  ervas e acendem-se as velas em um pedido singelo e esperançoso para que ele abra todas as portas. Por ser também o grande sentinela (na tradição, o Bará é assentado na frente do lugar dedicado ao acontecimento do ritual), pede-se a ele a proteção e a guarda desse evento de (re)conexão com as origens africanas.

AFROME dá voz a autores e compositores como Oliveira Silveira, Solano Trindade, Arlindo Cruz, Moacyr Santos, Selma do Coco, Coco do Amaro Branco e Beth de Oxum. Além disso há a inspiração na musicalidade de outros países, como as bases caboverdianas do Funaná.

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SINOPSE 

Torne-me AFRO. Afromize-me. Deixe-me ser AFRO. Preencha-me. Inunde-me.

AfroMe é um Manifesto. Sarau Marginal ou Cabaré de Magia Negra que conta com sons e imagens inspiradas em universos afros festivos para dar passagem a um mar de memórias, desejos, divagações, indignações e afetos. É a ponte entre um “Brasil-África” conectado por pequenas ficções em um lugar real: o bar, espaço onde as fantasias potencializam-se. Um evento espetacular permeado por palavra, música, corpo e presença.

PRETAGÔ dá nome ao encontro de jovens artistas negros que tem nos discursos sobre juventude negra, negritude, africanidade, brasilidade e cultura afro-brasileira a inspiração para suas criações. Em suas obras atenta-se também o desejo da arte como enfrentamento político-social. O grupo, que surgiu no Departamento de Arte Dramática da UFRGS, teve Qual a diferença entre o charme e o funk? como primeiro espetáculo, com estreia em dezembro de 2014. O espetáculo concorreu ao Premio Açorianos de Teatro 2015 em cinco categorias (direção, ator, trilha sonora, produção e dramaturgia original) tendo ganho o prêmio de Melhor Trilha Sonora.  Sua segunda criação, AFROME, teve estreia e dezembro de 2015 e em 2016 esteve na programação dos festivais Festia (Festival Internacional de Artes Cênicas de Canoas) e do Festival Internacional de Artes Cênicas Porto Alegre em Cena, na qual recebeu o Prêmio Braskem em Cena na Categoria Melhor espetáculo Júri Popular.

FICHA TÉCNICA:

Direção: Thiago Pirajira
Elenco: Bruno Cardoso, Camila Falcão, Kyky Rodrigues, Laura Lima, Silvana Rodrigues e Thiago Pirajira.
Músicos: Joao Pedro Cé e Vini Silva
Contrarregras: Bruno Fernandes, Manuela Miranda e Mari Falcão
Produção: Grupo Pretagô

Fotos: Andre Reali Olmos

Assessoria: Anelise De Carli
Realização: Grupo Pretagô

Contato:
51 81612598
grupopretago@gmail.com
www.facebook.com/grupopretago

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