Caderno de Turismo – Paranaguá/Paraná – Onde a história se encontra com o mar
Por João Nunes/ Enviado Especial/ Hospedado no Camboa Hotel Paranaguá
Grande Mar Redondo, na língua tupi-guarani. Era assim que os índios denominavam a formosa baía – Pernaguá, Parnaguá, Paranaguá. O povoamento do litoral do Paraná começou por volta de 1550, na ilha da Cotinga, servindo mais de ponto referencial no processo de investigação e buscas auríferas.
Duas décadas depois, os pioneiros, à frente Domingos Peneda, natural de São Paulo, temido e conhecido como “Régulo e Matador”, considerado o fundador da povoação, conquistaram a margem esquerda do rio Taguaré (Itiberê) habitado pelo indígena Carijó.
Atraídos pelas notícias da existência de ouro que se presumia existir nas chamadas terras de Sant’Ana, ao sul da Capitania de São Vicente, vicentinos e cananeenses intensificaram a navegação em busca de riquezas que o território talvez pudesse oferecer.
Nos anos de 1550, através de Ararapira e Superagüi, penetrando e navegando a vasta e bela baía de Paranaguá, as canoas vicentinas aportaram na ilha da Cotinga, próxima do continente. Admirados de ver em derredor muitas habitações de índios carijó, e receosos talvez de que lhe fizessem alguma traição, foram em direitura da ilha da Cotinga, para o lado do furado que a divide da ilha Rasa, onde principiaram as suas habitações.
Primeira povoação foi na ilha da Cotinga, depois mudaram para o lugar da ribanceira onde ora está, talvez porque achassem o terreno mais apropriado para formarem a povoação, ser arenoso, ter uma formosa planície onde acharam uma fonte de água nativa e oferecendo o rio Taguaré um seguro fundeadouro, abrigado dos ventos e dos piratas em suas baías.
Os cotinganos exploraram recôncavos, rios e sertões que circundam a baía, descobrindo, finalmente, ouro de lavagem nos vários rios que depois se chamaram rio dos Almeidas, rio dos Correias, rio Guaraguaçu, ficando conhecidas como minas de Paranaguá.
As boas relações de amizades e de escambo com os carijós provocaram o processo de povoamento de ilhas, desembocaduras de rios, recôncavos.
A notícia do aparecimento de ouro correu logo, além das barras. Outros faiscadores, procuraram, sem demora, a região, reunindo-se aos grupos que labutavam com bateias.
Desde 1554 já os santistas entretinham seu comércio marítimo com porto de Paranaguá, levando resgates de ferramentas, anzóis e fazendas que permutavam por algodão que os índios Carijó plantavam e colhiam e do Rio de Janeiro haveria também algum comércio.
De 1549 a 1556, os valorosos missionários jesuítas já haviam percorrido os ínvios sertões de Iguape, Cananéia e Paranaguá, até os planaltos da Serra do Mar. O martírio e a morte dos jesuítas Pedro Correia e do companheiro de missão deu-se em 1556, nas fraldas da mesma Serra do Mar quando eles voltavam do perigoso sertão dos Carijó.
Portugal e suas colônias passam para o domínio espanhol e Pernaguá aparece nos mapas como Baya de la Corona de Castilha – um lugar meio perdido entre o Rio de Janeiro e o Rio da Prata. A povoação cresce, instala sua Câmara Municipal, vira vila com pelourinho e escrivão juramentado. Em 1640, chegou o Capitão Provedor Gabriel de Lara, e a fidalga família com investidura de governo militar.
Já em 1646 mandou erigir o Pelourinho, símbolo de poder e justiça de El-Rei. Após dois anos, a povoação tornou-se Vila, chamando-se Vila de Nossa Senhora do Rocio de Paranaguá. Morrem os Felipes de Espanha, os portugueses retomam a coroa e lá por 1648 os faiscadores vão entrando pela baía, arrancando ouro, e enchendo as burras de Dom João IV.
Em 1660 tornou-se Capitania, passando à condição de Cidade em 05 de fevereiro de 1842. De lá para cá, vai expandindo seu casario pelas margens do rio Itiberê e tecendo com os fios de ouro da lenda e da História o seu destino de berço da civilização paranaense.
Ao ser criada a Província do Paraná, também se criou a Capitania dos Portos do Paraná, que passou a funcionar em 13 de fevereiro de 1854. Fato marcante para Paranaguá foi a visita de D. Pedro II, em 1880, para o lançamento da pedra fundamental do edifício da Estação Ferroviária.
A estrada de ferro foi tão rapidamente construída que já em 02 de fevereiro de 1885 era inaugurada e até hoje é motivo de grande orgulho na engenharia nacional.
Em 1935 Paranaguá ganhou o porto Dom Pedro II, que mudou o perfil econômico da região, sendo considerado o segundo maior em volume de exportações e o primeiro da América Latina em movimentação de grãos. Conhecer Paranaguá é perceber nas paredes do casario colonial o testemunho de nossa história.
Experimentar Paranaguá é visitar a Ilha da Cotinga, a fortaleza da Ilha do Mel, a Catedral, o Colégio dos Jesuítas, a Fontinha onde, bem antes dos brancos, o povo carijó ia matar sua sede. É percorrer suas ruas, ver o rio e o mar de vários matizes, árvores, igrejas, museus, prédios e monumentos.
Com um pouco de sorte, pode até dançar um fandango e provar do barreado e do pirão de peixe, jóias da culinária do local. Mas o bom mesmo é sair sem destino, inventando Paranaguá passo a passo. Mil surpresas aguardam o visitante. Afinal fazem quase quatrocentos anos que Paranaguá se enfeita para receber você.
Eleito há mais de 25 anos pelo Guia Quatro Rodas o melhor Barreado do Brasil
Rua José Antônio Cruz,78 Ponta do Caju ( Próximo ao Hotel Camboa) Paranaguá
Encomendas e Reservas (41) 3423-3935 – (41) 3423-1830
Lugares que não podem passar em branco quando você estiver visitando Paranaguá:
Quando você está chegando na Casa do Barreado, em seguida já tem a sensação de que não está chegando apenas em mais um Restaurante aonde vai se alimentar. Você descobre que entrou numa verdadeira mina de conhecimento da história da cidade e de seus costumes mais pitorescos, quando começa a conversar com a dona Norma Freitas e com o seu filho Juca Reis, administradores do famoso Restaurante. São perfeitos anfitriões, receberam muito bem a reportagem de No Sofá, e o tempo todo nos ajudando com informações tanto da gastronomia regional, quanto a própria história do desbravamento da cidade. Pura cultura. Um almoço regado de temperos maravilhosos nas informações culturais. Quero voltar!!!
O Tradicional Prato Típico do Litoral do Paraná
O Barreado é um prato típico do litoral paranaense. Preparado há quase por pescadores dos sítios de Paranaguá, Guaraqueçaba, Antonina, Morretes e Guaratuba,passou a ser consumido pelos caboclos da região, principalmente na época do “Entrudo” (hoje conhecido como Carnaval).
No decorrer dos três dias do “Entrudo”, os caboclos do litoral paravam seus afazeres para se dedicar exclusivamente ao fandango, e a comer…A festa só terminava a meia noite de terça-feira, quando se encontravam exaustos das cantorias e das “bateções de pés”. Para aguentar a folia, alimentavam-se nesses dias, de um único prato: O barreado.
A iguaria, que é composta de carne, toucinho e temperos variados, é considerada uma das mais saborosas comidas típicas brasileiras, e seu nome tem origem na expressão “barrear a panela”, etapa de vedação feita com um pirão de cinzas ou de farinha de mandioca, com o objetivo de preservar o vapor em seu interior.
“Somente o barreado tradicional, no domingo gordo, resistiu ás tristezas do período de guerra, pelo costume inveterado do povo de comer,pelo carnaval, o saboroso acepipe de carne demasiado, condimentada e cozinhada em panela de barro, e até hoje perdura, constituindo verdadeira extravagância da culinária nacional, pela singularidade do seu uso, apenas em determinado dia do ano”
Relato durante a Guerra do Paraguay /1871- Viana, Manoel – Coisas Nossas – Vol. 1
RECEITA DO BARREADO – INGREDIENTES
A foto acima retrata a prato recém servido da panela. A foto seguinte, a Dona Norma Freitas com a mão na massa literalmente!! Carinho é dedicação também é um ingrediente importante….
5 kg de carne bovina cortada em cubos(lombo agulha, peito, coxão mole, patinho, etc…)
1/2 Kg de toucinho defumado, picado em pedaços bem pequenos;
3 cebolas grandes picadas;
3 dentes de alhos amassados;
1 folha de louro;
1 colher de sopa rasa de cominho em pó;
1 colher de chá de pimenta do reino;
1 maço de salsinha;
Sal a gosto.
MODO DE PREPARO:
Colocar a carne em uma panela grande, depois coloca-se o restante dos ingredientes sobre ela. Misture bem todos os ingredientes (com a mão), e deixe descansar pelo menos por duas horas. Após o tempo sugerido coloque tudo dentro de uma panela de barro de 15 litros (nunca usar panela de metal ou de pressão). Em seguida coloque água suficiente para cobrir a carne e tampar a panela.
COMO FECHAR A PANELA:
Prepara-se com água fria e farinha de mandioca natural ( que não tenha sido retirada a goma, pode encontrar no litoral do Paraná), uma massa consistência que não seja nem dura e nem mole, para que se possa modelar. Com a tampa já na panela, tapa-se toda a beirada da tampa por onde sai o vapor da água. O envoltório de massa deve ter no mínimo 3 cm de espessura e de 7 a 10cm de largura.
COMO COZINHAR:
Cozinhar em fogo lento, por aproximadamente 12 horas, de preferência na véspera, podendo ser esquentado na hora de servir.
COMO SERVIR:
Coloca-se duas ou mais colheres de farinha de mandioca no prato, e com uma concha retire-se da panela um pouco do caldo fervente e mistura-se com a farinha fazendo um pirão escaldado. A seguir,acrescenta-se porções de carne sobre o pirão.
ACOMPANHAMENTO:
Banana, laranja, arroz e cachaça pura
RENDIMENTO: 10 porções
Recepção mais que perfeita de Norma Freitas na Casa do Barreado. Muito aprendizado!
Turistando….
Igreja de Nossa Senhora do Rosário – Primeira edificação construída em solo paranaense e a primeira dedicada à Nossa Senhora no Sul do Brasil.
Ainda em Paranaguá também se pode apreciar e conhecer a Igreja da Ordem Terceira de São Francisco das Chagas – construída em meados do século XVIII (e reformada no século seguinte), em estilo barroco, foi o templo católico da aristocracia local. Possuía em átrio contíguo, um cemitério de crianças e sacerdotes.
Igreja de São Benedito – Construída por volta de 1600 a 1650 pela irmandade de São Benedito, que era composta por escravos e alforriados que desejavam frequentar as celebrações da Igreja Católica. É um dos mais autênticos exemplos da arquitetura colonial brasileira no Paraná.
Rua João Estevão, sem Nº – Centro Histórico de Paranaguá, Paranaguá – PR
A sua casa, fora de casa!!! Lazer, passeio, negócios…..O seu lugar em Paranaguá!
Perfeito atendimento de toda a equipe e delicioso Café da Manhã…
Para deliciar-se…
Rua Faria Sobrinho, 313 – Centro Histórico, Paranaguá – PR (41) 3423-1654
Verdadeiras obras de arte na confecção de tortas!
Um lugar obrigatório de visitar!!
Faça já o seu pedido!
Na minha estada em Paranaguá, fui recebido pelo proprietário Júnior, na tradicional Confeitaria Vovó Virgínia, no centro histórica da cidade. Uma verdadeira delícia nas obras de artes em tortas, doces e salgados. Vale á pena colocar no seu roteiro e fazer o seu pedido. Fica a dica.
Turismo para todos os gostos: Você pode desfrutar de vários tipos de atrações turísticas em Paranaguá:
Farol das Conchas: Localizado no Morro das Conchas – Foi construído em 1872 por ordens de D.Pedro II para orientar os navegadores em busca de um porto seguro.
Gruta Encantada: Situada na parte meridional da Ilha, em grande paredão rochoso, é um local envolto em lendas e histórias fantásticas.
Ecoturismo: Misturando sustentabilidade e a cultura caiçara típica da região, a cidade oferece uma série de atividades ligadas á natureza, de caminhadas pro trilhas, ao mergulho, da gastronomia artesanal à visita às comunidades pesqueiras da Prainha do Ubá, São Miguel, Piaçaqueira, Eufrasina, Ilha dos Valadares, Quintilha e Ilha do Mel.
Pesca: Com tanta água, mar e natureza ao redor, Paranaguá só poderia ser um roteiro preferencial para os amantes da pesca esportiva. Venha descobrir a imensa variedade de peixes que habitam as águas calmas do local.
Aventura: Mais se você procura mais emoção, o turismo de aventura também está presente. Paranaguá oferece um leque imenso de atividades, como montanhismo, mountain bike, cachoeirismo, rapel, canoagem, mergulho,asa delta, parapente, paraquedismo e ultraleve. Aproveite o cenário e divirta-se!!
Náutico: E que tal um passeio de barco? Em Paranaguá, o turismo náutico é preticado em águas de rios e de mar, com programas específicos que envolvem passeios, excursões, pescarias, pesquisas e regatas. Com um clima quente, ampla área de conservação ambiental, boas condições marítimas e uma baía de 677 mil Km2. Paranaguá oferece a segurança que o turista procura.
Festa da Padroeira do Paraná: 15 de Novembro é comemorado o Dia de Nossa Senhora do Rocio. Faz parte da festa, que chega a sua 205 edição, a procissão em homenagem à santa, que conta com a presença de mais de 100 mil pessoas.
Festa Nacional da Tainha: Entre junho e julho é realizada a Festa Nacional da Tainha nas ilhas do município. Além da venda da tradicional tainha recheada, assada e frita, realiza-se corrida de canoas a remo e a motor, além de shows artísticos de nível nacional e abertos ao público.
Aquário: O mais novo ponto de visitação do litoral paranaense é o Aquário Marinho de Paranaguá. Dividido em três andares, possui mais de 26 recintos com animais de diversas espécies, loja de souvenirs, auditório para palestras, espaço criança, realidade virtual e mirante. É possível conhecer os animais típicos da região e também exóticos, como o tubarão-bambu, encontrado na Ásia, raias e até jacaré. Com ênfase em pesquisa, conservação e educação ambiental, o Aquário trabalha em parceria com o município e a comunidade para preservar a vida aquática da região.
Paranaguá: Alegria o Ano Todo!
**** A equipe de reportagem: João Batista Nunes – Redator/ DRT 7277-PR – O biólogo Ivo Alberto Borghetti e Adriano Borghetti/ Hospedagem: Hotel Camboa Paranaguá- Agradecimento: Casa do Barreado/ Camboa Hotéis Paranaguá e Morretes/Confeitaria Vovó Virgínia.