Você Sabia? Curitiba, em dois anos, passa de capital do tabagismo para o 3º lugar nacional

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reg. 300-16 Tabagismo. Bitucas de cigarros depositadas em lixeira. 2016/09/15 Foto: Marcos Santos/USP Imagens

Resultados positivos na capital devem-se às políticas públicas adotadas pela administração municipal, que reduziu em 60 mil os fumantes na cidade; Entre os benefícios para a saúde da população em geral está a expectativa pela queda nos índices de câncer de pulmão e outros tumores ligados ao fumo

De acordo com dados de pesquisa realizada pelo Ministério da Saúde e divulgada recentemente, Curitiba passa de capital do tabagismo para o 3º lugar nacional, ficando atrás de São Paulo e da campeã Porto Alegre. O indicador alcançado pela capital paranaense (11,4% de fumantes) é o menor de todos os tempos.

A pesquisa revela, ainda, que a evolução de Curitiba de 2017 para 2018 representa 60 mil fumantes a menos no município. No primeiro ano avaliado, de acordo com o mesmo estudo, 15,6% da população curitibana era fumante.

Para que fosse possível alcançar esta meta, Curitiba investiu na intensificação de abordagens e ofertas de tratamento e grupos nas unidades de saúde, por meio do Programa de Controle do Tabagismo. Dados da Secretaria Municipal de Saúde (SMS) apontam uma alta de 39% de procura por tratamento no primeiro quadrimestre desse ano, em relação ao ano anterior. De janeiro a abril, 758 pessoas foram atendidas nas unidades de saúde curitibanas, mais que as 462 do mesmo período do ano anterior.

Segundo o médico oncologista do Instituto de Hematologia e Oncologia de Curitiba – IHOC, Elge Werneck, estes dados revelados devem refletir também futuramente no número de casos de câncer originados pelo tabaco e seus reflexos. “Em 85% dos casos diagnosticados, o câncer de pulmão está associado ao consumo de derivados de tabaco – um fator de risco totalmente evitável. Isso é grave, visto que o câncer de pulmão também é o segundo mais comum entre homens e mulheres no Brasil. Por isso, ao reduzir o consumo de cigarros estamos beneficiando não apenas quem fuma, mas também aqueles que qualificamos como fumantes passivos, pessoas que convivem com esse indivíduo e que ao inalar a fumaça tóxica ficam expostos aos males causados por ela”, explica o especialista.

Se considerarmos a realidade nacional, os avanços das políticas federais no combate ao tabagismo também têm se mostrado positivas. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país é exemplo mundial no combate ao mau hábito. Atualmente cerca de 10% da população acima de 18 anos é fumante, um dos menores índices do mundo. Mas ainda assim, novos desafios vêm se apresentando: na contramão da diminuição do consumo de cigarros tradicionais, há uma crescente tendência entre jovens e adolescentes relacionada ao uso de cigarros eletrônicos.

“O apelo tecnológico é perigoso e a nossa principal arma para combater o aumento do uso desses dispositivos é a informação. Ao contrário do que muitos acreditam, eles são potencialmente tóxicos e levam à dependência”, ressalta Elge.

O especialista explica que apesar de não queimar tabaco, esse sistema utiliza um líquido que combina, na maioria das vezes, água, glicerina vegetal, propilenoglicol, nicotina e aromatizantes. Aquecido pelo aparelho, esse composto forma um vapor, que é aspirado pelo usuário. “Mesmo não contendo tabaco, o cigarro eletrônico tem substâncias nocivas à saúde. Ainda não temos pesquisas que tragam comprovações científicas sobre o grau de danos que ele causa à saúde, mas, assim como o cigarro convencional, é preciso estar atento ao fato de que ele sim pode causar problemas, inclusive aumentando o risco de câncer”, frisa o oncologista do IHOC.

Elge lança um alerta ainda sobre a importância do diagnóstico precoce no combate ao câncer. “A detecção da doença em seu estágio inicial é fundamental para aumentar as chances de sobrevida da doença. Ao apresentar sintomas relacionados ao próprio aparelho respiratório, tais como tosse, falta de ar, escarro com sangue e dor no peito, é importante procurar um médico”, finaliza.

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